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Os limites para o crescimento da economia

Notícia

Os limites para o crescimento da economia

24/11/2017

O consumo das famílias lidera a retomada da atividade, impulsionado pelos efeitos da dupla inflação/juros em baixa

A economia brasileira cresceu 0,58% no terceiro trimestre do ano, segundo IBC-Br, índice do Banco Central para medir a atividade econômica. Em setembro, a alta foi de 0,40% contra agosto passado. O indicador mostrou que indústria e varejo tiveram desempenho positivo contra queda do setor de serviços, um comportamento também captado pelas pesquisas do IBGE, responsável pelo cálculo oficial da economia, o PIB. 
 
Diante deste ritmo e com boas perspectivas para inflação e taxa de juros em 2018, o governo federal reviu a previsão de crescimento para o ano que vem, de 2% para 2,5%. A mudança consta no Relatório de Receitas do Orçamento, que aponta quanto e de onde virão os recursos para cobrir as despesas públicas do país. O ajuste de 0,5 pp significa que o governo pode arrecadar quase R$ 5 bilhões a mais. 
 
A nova estimativa federal se aproxima do que já esperam os analistas do mercado financeiro. Eles também ajustaram suas expectativas para o próximo ano, ficando um bocadinho mais otimistas do que o governo. Pelo relatório Focus desta segunda-feira (20), o PIB será de 2,51% em 2018. Houve ainda um leve ajuste para o IPCA, para baixo, que pode ficar em 4,03% ao final do ano que vem. 
 
Os dados mostram que o consumo das famílias está liderando a retomada da atividade, impulsionado pelos efeitos da dupla inflação/juros em baixa. A reação do mercado de trabalho, com todas as ressalvas sobre a qualidade dos empregos que têm sido criados e o aumento da informalidade, vai contribuir com mais renda disponível. Há uma lacuna considerável de consumo reprimido pela recessão e pela insegurança do desemprego que assolou o país nos últimos 30 meses. 
 
O descolamento da política e a economia não é um consenso entre analistas, até porque tudo indica que ambos os lados estão corretos. Há um distanciamento inegável da descrença com a política, a falta de liderança, o escancaramento da fisiologia, a “auto” impunidade (neologismo criado pelos políticos que livram seus pares da responsabilidade de seus crimes) e a polarização moral que cresce nas redes sociais. As pessoas estão indo às compras, independentemente dos escândalos. 
 
A piora recente do mercado financeiro provou, porém, que a conexão se mantém e pode causar volatilidade desconfortante. O episódio mais recente sobre a votação da reforma da previdência mostra que a condescendência dos investidores com o governo de Michel Temer e a equipe de Henrique Meirelles não é ilimitada. Não é por menos que o ministro da Fazenda não faz outra coisa a não ser garantir que alguma reforma será aprovada até início do ano que vem.  
 
Tudo pode se dizer sobre 2018, menos o que pode realmente acontecer, dependendo de como caminharem as campanhas políticas e, finalmente, de quem será eleito o próximo presidente do Brasil. Se as hipóteses mais alinhadas com o equilíbrio econômico prevalecerem, dificilmente o país vai sair do rumo atual de recuperação. Mas nem assim vai conseguir acelerar no ritmo da retomada, mesmo que o PIB do ano que vem seja tão maior do que o de 2017, que deve ficar abaixo de 1%. 
 
Os limites para a alta do PIB não estão apenas nos rumos da política. A recuperação em curso está deixando investimentos em infraestrutura e em capacidade de produção para depois. Claro que há muita ociosidade na economia e não faz sentido exigir renovação de maquinário ou crescimento da construção civil antes que tudo volte a funcionar e os estoques disponíveis se reduzam. 
 
Ainda que a economia não desande diante dos temperos políticos, só será possível traçar um cenário mais seguro para o crescimento depois das eleições de 2018. Só então veremos quem, quanto e com que velocidade querem investir no Brasil. Se escolhermos o caminho das reformas, especialmente as que estimularem a produtividade, pode ser que o país consiga deixar a crise para trás e não viver sob sua sombra. Se não quisermos as reformas, teremos que nos contentar com pouco, muito pouco.

Fonte: G1 - Thaís Herédia

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